sexta-feira, 22 de outubro de 2010

A CAIXA DA VIDA

Um texto fantástico, cheio de sentimento e de ensinamento... do Bernardo, 8ºD.
Vou contar-vos a história de como a minha vida passou de miserável e inútil a feliz e de sucesso.
Tudo começou há um mês atrás, enquanto estava a fazer uma limpeza ao meu quarto. Enquanto limpava o pó dos majestosos e imponentes móveis do meu antigo quarto, encontrei um papel. Nesse papel estava escrito uma morada e a frase: «Segue a morada para mudar a tua vida». Fiquei surpreendido e guardei a mensagem no bolso.
No dia a seguir, logo depois de terminarem as aulas, fui ter ao sítio indicado pela morada. Deparei-me com uma casa abandonada e feia, que me parecia familiar. Abri o pequeno portão de ferro e atravessei o jardim cheio de ervas mortas e flores murchas. Subi as escadas de madeira velha até à entrada. Rodei a maçaneta, que outrora fora muito utilizada, e dei um passo em direcção ao interior da casa. A madeira do chão rangia e as teias de aranha cobriam as paredes daquela velha habitação. Depois de alguns passos, reparei numas escadas escondidas atrás de uma grande e gasta poltrona. Subi as escadas de pedra e entrei numa sala que se parecia com um sótão. Dirigi-me à única coisa lá existente: uma caixa de madeira com dobradiças de prata e cadeado de aço. Tentei abri-la, mas estava fechada. Olhei para o relógio e fiquei assustado; já tinha passado mais de uma hora e meia desde que saíra da escola. Tinha que desaparecer dali para fora o mais rápido possível. Quando estava a sair, escorreguei num papel e caí no chão de madeira gasta. Olhei para o chão à procura do que me tinha feito escorregar. Vi um papel e peguei nele. Li-o numa velocidade estonteante e saí daquele lugar.
Quando cheguei a casa, fui para o meu quarto e reli o papel. Sorri quando acabei de o ler. Aquela folha que fora colorida de amarelo pelo tempo exibia, a letras grandes, as palavras: «Estás perto da felicidade». Não sabia porquê, mas aquelas quatro palavras alegraram-me a vida.
Nos dias seguintes, a minha vida mudou. A esperança de algum dia voltar ao sótão daquela casa foi o meu alimento espiritual durante muito tempo.
Com a minha nova vida, tudo melhorou. Passados uns anos, saí da universidade com um doutoramento na mão e pouco depois trabalhava no melhor hospital de Washington D.C. A minha vida corria cada vez melhor, e a esperança de voltar e abrir aquela caixa aumentava a cada segundo.
Num dia chuvoso, decidi voltar à casa abandonada. Decidi que aquela caixa misteriosa já me tinha feito feliz e que agora tinha de descobrir o que estava dentro dela.
Enquanto atravessava o jardim da casa abandonada, agora já sem relva, memórias antigas vieram-me à cabeça. Lembrei-me de ser um miúdo deprimido e solitário, apenas com os seus pensamentos como amigos. Mas agora estava diferente. Já não era nenhum miúdo e era bem-sucedido. Tinha um salário mensal que quase ultrapassava o valor da sua casa e tinha dois filhos e uma mulher que amava. Nada podia melhorar.
Subi as escadas de madeira que davam para a entrada e, outra vez, rodei a maçaneta coberta de musgo. Pisei novamente o chão de madeira rangente e subi as escadas que davam para o sótão que tinha mudado a minha vida.
Fui a correr para perto da caixa com dobradiças de prata e toquei-lhe pela segunda vez. Seguidamente, perguntei-me onde estaria a chave. Procurei no sótão, mas não encontrei nada. Depois procurei no resto da casa. Novamente nada. Estava prestes a desistir, quando me lembrei, não sei porquê, do meu avô. Lembrei-me da tórrida manhã de Verão em que morreu. E lembrei-me do que ele me tinha dado enquanto estava no leito da morte.
- É isso! – gritei.
Fui a correr para casa e abri a gaveta da minha mesa-de-cabeceira. Procurei entre as minhas tralhas e encontrei-a. A chave que o meu avô me tinha dado.
Naquela manhã em que ele faleceu, ele pediu à minha mãe para falar comigo em privado. Naquela altura tinha apenas dez anos.
- Neto, vou-te dar uma coisa e quero que a uses quando o momento chegar. – dissera o meu adorado avô.
- O quê?
- Uma chave.
Lembro-me de ter ficado desiludido quando disse aquilo.
- Irás usá-la um dia e perceberás a grande dávida que este pequeno pedaço de ferro é.
E naquele dia chuvoso em que voltei àquele sótão, eu tinha percebido.
Quando cheguei novamente ao sítio onde a caixa estava guardada, agora já com a chave, corri o máximo que pude até ela. Agora tinha chegado a hora. A hora de ver o que estava dentro da caixa que me tinha dado força para lutar e para chegar até onde estava.
Coloquei a chave no cadeado e rodei duas vezes para a direita. O cadeado fez um barulho e abriu-se. Agora só faltava levantar o tampo. Pus as minhas mãos nas extremidades e puxei o pesado tampo de madeira. Olhei para dentro e fiquei mais surpreendido que imaginava. Dentro da caixa não havia…nada. A caixa estava vazia. Fiquei a olhar para ela, desapontado, durante muito tempo. Até que percebi o seu significado. Aquela caixa tinha-me dado a esperança que, qualquer dia, a minha vida iria mudar. Sem me aperceber, a minha vida tinha mesmo mudado. Eu não precisava de nenhum objecto para alterar a minha vida. Apenas precisava de acreditar.

Esta é a minha vida. E admito uma coisa: não podia ser melhor.

Bernardo Mota, 8º D

1 comentário:

  1. Se est texto foi escrito originalmente por este aluno, dou-lhe os mais sinceros parabéns de uma desconhecida que deliciada ficou ao ler este texto

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