sexta-feira, 27 de novembro de 2009

"Ler é entrar num mundo de sonhos e descobertas"


Ler é entrar num mundo de sonhos e descobertas é um passatempo da Civilização Editora que consiste na produção de textos a partir de artigos de jornais e revistas. Dirigido a escolas do ensino básico, o concurso vai premiar os cinco primeiros lugares com os livros Civilização que fazem parte da listagem do Plano Nacional de Leitura. O prazo para entrega de trabalhos termina a 30 de Dezembro. Para mais informações, consulte o sítio da Civilização Editora.

Concurso UMA AVENTURA LITERÁRIA 2010




Regulamento

O Concurso Uma Aventura... Literária 2010 tem cinco modalidades:

Texto Original, Crítica, Desenho, Teatro e Olimpíadas da História.

Modalidade Texto Original: Um texto original, imaginado pelo concorrente, com personagens originais. Tema livre. (Uma ou duas páginas dactilografadas ou manuscritas.)

Modalidade Crítica: Crítica a qualquer dos livros seleccionados para o concurso. (Uma página dactilografada ou manuscrita.)

Modalidade Desenho: Um desenho que ilustre um momento de qualquer dos livros a concurso – desenhos a preto e branco em papel A4. (Os concorrentes não devem imitar os desenhos dos livros.)

Modalidade Teatro: Adaptação teatral de um episódio à escolha dos livros a concurso.

Modalidade de Olimpíadas de História: Resumo, ilustrado com um desenho ou colagens, de um texto seleccionado num dos livros a concurso. Máximo 3 páginas.

Os trabalhos podem ser individuais ou de grupo. Devem vir identificados com o nome do(s) concorrente(s), morada, telefone, idade, ano que frequenta(m), nome e morada da escola e nome do(s) professor(es) coordenador(es).

O Júri será constituído por uma equipa da Editorial Caminho.

Os trabalhos concorrentes não serão devolvidos.

Prémios de Crítica, Texto Original e Desenho
Os trabalhos serão divididos por quatro graus de ensino: 1.º Ciclo; 2.º Ciclo; 3.º Ciclo; Ensino Secundário. No 1.º Ciclo haverá três prémios para os alunos do 1.º e 2.º ano e três para os alunos do 3º e 4º ano. Os trabalhos premiados (três por cada grau de ensino e por cada modalidade) serão publicados com o nome e com a fotografia dos autores, bem como o nome da escola que frequentam, num livro da colecção Uma Aventura.

A cada trabalho premiado corresponderá ainda um cheque-livro da Editorial Caminho (1º Prémio – 50 euros, 2º Prémio – 37 euros e 3º Prémio – 25 euros).

Os professores responsáveis por estes trabalhos premiados recebem igualmente, por trabalho, um cheque-livro da Editorial Caminho no valor de 25 euros.

Prémios de Teatro
Nesta modalidade não há distinção por graus de ensino e são premiadas as cinco melhores adaptações teatrais com 2 tipos de prémios:

Um cheque-livro no valor de 50 euros para os autores do texto e a publicação do trabalho no site www.uma-aventura.pt com o nome e fotografia dos autores, bem como o nome da escola que frequentam.

Convite para que os autores do texto ou colegas da mesma escola representem a peça numa festa a realizar no Teatro Aberto, em Lisboa, onde serão atribuídos troféus aos melhores actores principais feminino e masculino, aos melhores actores secundários feminino e masculino, ao melhor guarda roupa e ao melhor cenário.

Os professores responsáveis por estes trabalhos premiados recebem igualmente, por trabalho, um cheque-livro da Editorial Caminho no valor de 25 euros.

Prémios de Olimpíadas de História
Nesta modalidade, além de cheques-livros, os premiados recebem medalhas de bronze, medalha de prata, medalha de ouro (por bronze, prata ou ouro entenda-se a cor da medalha)

Os trabalhos podem ser individuais ou de grupo. Devem vir identificados com os dados da escola, professor(es) e do(s) concorrente(s)

Os professores responsáveis por estes trabalhos premiados recebem igualmente, por trabalho, um cheque-livro da Editorial Caminho no valor de 25 euros.

Menções Honrosas
Os concorrentes distinguidos com Menções Honrosas recebem um livro oferecido pela Caminho (um por trabalho) e um Diploma de Menção Honrosa.

Prémios de Participação
Todos os concorrentes recebem um Diploma de Participação e um autocolante.

Todos os professores responsáveis pelos trabalhos apresentados a concurso recebem um Diploma de Coordenação Pedagógica.

Todas as escolas que participem recebem um cheque-livro da Editorial Caminho no valor de 15 euros.

Prazos e Contactos
Os trabalhos devem ser enviados, pelo correio, até ao dia 15 de Fevereiro de 2010 (Data dos CTT) para:

Concurso Uma Aventura... Literária 2009

Editorial Caminho

Rua Cidade de Córdova, n.º 2

2610-038 Alfragide



Livros a Concurso
Modalidade de Crítica e Desenho
Todos os livros da colecção Uma Aventura; Todos os livros da colecção Viagens no Tempo; A Lenda das Sete Cidades; O diário secreto de Camila; O feiticeiro Lampeiro; Crocodilo Nini; Rãs, príncipes e feiticeiros

Modalidade Teatro
Os primos e a fada atarantada; Rãs, príncipes e feiticeiros; A Raposa azul; Portugal Histórias e Lendas

Modalidade Olimpíadas da História
Tempo de revolução – História de Portugal III Vol.; História de Portugal – Portugal no Século das Luzes (8.º Vol.)

Informa-te e participa!

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

CONCURSO DO PASSAPORTE LEITOR

CONSULTA O REGULAMENTO ABAIXO:

O concurso destina-se a todos os alunos do 2º ciclo.
Decorrerá na biblioteca escolar/ centro de recursos educativos.
Realiza-se até à última semana de aulas do terceiro período.
Os alunos interessados poderão inscrever-se na biblioteca escolar/ centro de recursos educativos.
Haverá uma história diferente em cada dia.
Os alunos inscritos deverão ler a história em voz alta.
A leitura poderá ser feita em grupos de quatro.
Após cada leitura, os alunos deverão pedir o seu passaporte e escrever o título da história, seis palavras do texto e a data.
Essa página será depois carimbada e rubricada pela Dª Mónica ou pelo professor responsável.
Vencerá o aluno que, em cada turma, tiver lido no maior número de histórias e escrito as palavras, sem erros ortográficos.
Cada vencedor terá direito a uma surpresa.

terça-feira, 24 de novembro de 2009



Resposta: 8 triciclos
Participantes: 82
Vencedores: 24

5º ano

Turma A
Luís Peixoto , nº16
Mariana Martins, nº 18
Mariana Silva, nº 19
Sara Santos, nº 27
Turma C
Carla Cunha, nº 8
Custódia Rocha, nº11

Turma E
Ana Francisca Pereira, nº2
Ana Cunha, nº3
Bárbara Moreira, nº 5
Bárbara Silva, nº6
Bruna Silva, nº 8
Cristiana Correia, nº10
Rafaela Neiva, nº22

Turma G
Ângela Cerqueira, nº 3

7º ano

Turma A
Hugo Ferreira, 12
Valter Alves, 23

Turma D
Ana Barbosa, nº4
Ana Costa, nº5
Joana Andrade, nº 16

8º ano

Turma F
Ana Correia, nº1

9º ano

Turma F
Ana Azevedo, nº3
Ana Apresentação, nº6
Andreia Araújo, nº7
Tiago Braga, nº21

Campanha "Partilhar é Receber"

domingo, 22 de novembro de 2009

JOVEM SOLIDÁRIO 2009




CAMPANHA PARTILHAR É RECEBER

O Que é?

É uma campanha de SOLIDARIEDADE a decorrer na nossa escola, até ao dia 11 de Dezembro.
Porquê, na nossa escola, e para quê ?
Porque alguns alunos vivem situações de grande carência.
Para:
 Educar para a solidariedade.
 Perceber que a escola é um local onde podemos contribuir para a felicidade daqueles a que a sorte não sorri.
 Criar nos alunos um espírito de partilha.

Como se colabora?
Com muita generosidade , entregando vestuário e calçado, de criança e adulto e brinquedos.

Onde se entrega?
No rés -do -chão da nossa escola, a um dos assistentes operacionais ou às professoras de EMRC.
Todos os produtos obtidos serão entregues, na casa desses alunos, juntamente com os cabazes elaborados pelo Feira Nova.
Não se trata de dar o supérfluo, mas de partilhar!
SÊ SOLIDÁRIO! Para que os TEUS COLEGAS tenham um NATAL mais QUENTINHO e ALEGRE!

quarta-feira, 18 de novembro de 2009



Resposta: Sevilha

Participantes: 56

Vencedores: 13

2º Ciclo
5º ano
Turma A
João Eira, nº14



6º ano
Turma G
Gaspar Neves, nº11


3º Ciclo
7º ano
Turma B
Bárbara Pontes, nº7
Carina Silva, nº12



Turma D
Ana Barbosa, nº4
Ana Costa, nº5
Helena Simões, nº13

8º ano

Turma A
Bárbara Mendes, nº6
Márcia Gomes, nº20
Maria Gomes, nº21





9º ano
Turma F
Ana Marques, nº1
Ana Apresentação, nº6
Tiago Braga, nº21

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Clube Contadores de Histórias


Um convite para jantar œ


Convidámos Khalil para jantar. É um amigo nosso, egípcio. Já o tínhamos ajudado quando, há alguns anos, acabava de chegar, com a sua pobreza um pouco assustada, e a sua dignidade e seriedade, que muito nos impressionaram. Na altura, ajudámo-lo a libertar-se dos preconceitos próprios de quem vem de um país pobre, com todas as dificuldades inerentes à cor da pele e ao domínio da língua.

Não quer dizer que tenhamos feito muito pelo Khalil: limitáramo--nos a indicar-lhe um pequeno apartamento que poderia alugar, acrescentando: «Se precisares de alguma coisa, estamos à disposição.»

Nunca teve grandes necessidades: só alguns endereços, algumas explicações sobre usos, costumes e leis, uma ou outra ajuda para decifrar certas expressões e umas quantas palavras difíceis, nomeadamente para ultrapassar determinadas complicações burocráticas. Pediu-nos, sobretudo, algum tempo: para estarmos juntos; para passar as tardes de Domingo, para não se sentir demasiado só e perdido.Nasceu assim uma certa familiaridade entre nós, por isso, às vezes, convidamo-lo para jantar. Isto ajudou-nos a descobrir como é maravilhosa a hospitalidade. De início, também nós sentíamos sobretudo desconfiança e hesitação: talvez um medo indefinível (de quê, afinal?), e principalmente embaraço frente ao seu universo feito de deserto e pobreza, de uma língua desconhecida e de um céu sem nuvens: era tudo isso que estava escrito no rosto escuro de Khalil.

Porém, mal entrou em nossa casa, ofereceu pistácios aos miúdos e cumprimentou a cozinheira (que neste caso era eu), pelo cheirinho delicioso que vinha da cozinha (Khalil exerce a profissão de cozinheiro), e ficámos com a sensação de que os mundos estranhos existem apenas para se encontrarem. Foi um serão muito divertido, aquela primeira vez em que o recebemos em nossa casa. E, desta vez, convidámo-lo para trocar votos de Bom Natal. Também ele, pobre homem, trazia um presente para nós. Abriu o seu embrulho sob o olhar curioso das crianças. Deve ter intuído imediatamente a desilusão delas: era um ícone – um ícone barato, mas bem feito. Representava a SS. Trindade, com os três anjos sentados à mesa. Contudo, graças ao seu sotaque estrangeiro fascinante e à argúcia que o caracteriza, conseguiu manter-nos a todos encantados, enquanto explicava o seu significado.Explicou-o mais ou menos assim:Khalil: «Digam lá, o que representa este ícone?»

Stefano: «São três anjos.»

halil: «E o que estão a fazer?»

Stefano: «Nada, estão sentados.»

Marco: «Estão sentados a beber: há um cálice; e o deserto a toda a volta.»

Laura: «Não, estão a tomar uma decisão difícil. Estão a olhar uns para os outros; até parecem um pouco tristes e preocupados!»

Khalil: «Tristes? Estão envoltos em luz, em paz...»

Laura: «Estão mas é tristes! Olha para a cara deles.»

Khalil: «E porque estarão tristes?»

Stefano: «Talvez estejam à espera de alguém que nunca mais chega!»

Laura: «Não, têm de tomar alguma decisão difícil.»

Marco: «Que disparate! Nunca ouvi falar de anjos tristes!»

Laura: «Não percebes nada. Os anjos estão tristes porque os homens são maus.»

Khalil: «Talvez Stefano tenha razão; estão à espera de alguém, e sentem-se preocupados porque nunca mais chega. Esperam alguém para começar o banquete. Quem poderá ser?»

Marco: «Estão à espera de que lhes sirvam o almoço. Na mesa há apenas uma taça. Talvez esperem o dono da casa, que foi buscar o pão e a carne.»

Stefano: «Não, não têm fome. Nem sequer têm tempo para comer: têm na mão um cajado para a viagem; em breve terão de partir.»

Laura: «Talvez esperem um amigo para partir juntos...»

Khalil: «E quem é esse amigo?»

Marco: «Como poderemos saber?»

Khalil: «Quero revelar-vos o meu segredo: estas três personagens esperam um amigo, sim. E esse amigo, reparem bem, sou precisamente eu, que estou a olhar para eles. Aqui à frente há um lugar vazio, para alguém se sentar. Foi preparado para mim. Eu, Khalil, sou estrangeiro nesta terra, mas vocês convidaram-me para jantar. Por isso me senti como um amigo esperado: prepararam-me um lugar à mesa. Por isso já não sou estrangeiro, e os três anjos são vocês: Marco, Laura, Stefano.»

Marco: «Mas nós não somos anjos: às vezes o Stefano só faz diabruras, e a Laura é uma bruxa.»

Laura: «Olha quem fala! Então e tu?»

Khalil: «Vocês de facto não são nenhuns anjos, mas quando acolhem um amigo e tratam com respeito um estrangeiro que vos visita, assemelham-se aos anjos de Deus, ou antes, assemelham-se a Deus. Quem sabe? Talvez estes três não sejam anjos, mas as três personagens que Abraão convidou a deter-se sob o carvalho, e que representam o Pai, o Filho e o Espírito Santo.»

Laura: «Quero pôr este ícone no meu quarto.»

Marco: «Não, este ícone vai ficar aqui, na sala de jantar, onde acolhemos os amigos.»

Stefano: «Sim, sim, na sala de jantar.»

Khalil: «Eu também penso que talvez seja preferível na sala de jantar; de cada vez que nos sentarmos à mesa, poderemos pensar, olhando o ícone: eis que eu sou como o amigo esperado pelos anjos, sou como o hóspede de Deus.»

Entretanto, o jantar estava pronto e tive de interromper a explicação: as crianças lutavam entre si para ficarem ao lado de Khalil, para ouvirem as suas histórias e rirem com o seu sotaque incorrecto. Ele sorria com os seus belos dentes brancos e os seus olhos marotos.

Ao acolhermos um hóspede vindo do Egipto, foi-nos concedida a alegria de nos imaginarmos no deserto, como hóspedes de Deus. Parecia-me inacreditável poder pôr tâmaras em cima da mesa.

Carlo Maria Martini

Uma bela famíliaLisboa, Edições Paulinas, 1999(Texto adaptado)

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Ver e ouvir

Para ler e escrever, tal como para musicar e cantar, não são precisos muitos recursos...
BASTA QUERER!!!

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Clube Contadores de Histórias


A mesquita mais bela

Os cidadãos de Córdova viviam na cidade mais bonita do mundo e sentiam-se muito orgulhosos da Grande Mesquita, que ficava situada no centro da cidade. Não só era uma mesquita maravilhosa, como estava rodeada por jardins magníficos, cheios de laranjeiras perfumadas, fontes espumosas e flores de todas as cores. Os habitantes de Córdova costumavam sentar-se no jardim e pensar que estavam no Paraíso.
O único problema eram três jovens travessos: Rashid, que era muçulmano; Samuel, que era judeu; e Miguel, que era cristão.
Entravam e saíam das fontes; saltavam por cima dos canteiros; escondiam-se nos jardins e atiravam laranjas maduras a quem quer que vissem.
Os jardineiros, Ibrahim e Yacoub, tentavam apanhá-los, mas os três amigos eram demasiado rápidos para eles.
Um dia, os rapazes estavam a atirar laranjas às pessoas, à medida que estas saíam da mesquita. Uma laranja particularmente podre caiu aos pés de um homem ricamente vestido.
— Estamos em apuros! — exclamou Rashid. — É o califa em pessoa! Fujamos!
Os três rapazes tentaram fugir, mas os soldados do califa apanharam-nos e levaram-nos à presença deste.
— Finalmente, foram apanhados pelos próprios soldados do califa! — rejubilou o jardineiro Ibrahim.
Yacoub esfregou as mãos.
— Agora é que são elas! Vão apanhar pelo menos dez chicotadas!
O califa interrogou-os:
— Com que então, meninos, a atirarem laranjas ao vosso califa?
— Não sabíamos que éreis vós, Senhor — murmurou Rashid.
— Tendes feito isto com frequência? — perguntou o governante com severidade.
Os rapazes olharam para o chão com tristeza e acenaram com a cabeça.
— Todos os dias, saiba Vossa Magnificência — exclamaram os jardineiros. — Estes rapazes são a nossa desgraça.
— Bem — disse o califa, tentando não sorrir — vejo que tereis de ser severamente punidos. Condeno-vos a trabalharam nestes jardins todos os dias, durante três meses.
E os rapazes assim fizeram. Durante três meses, plantaram, arrancaram ervas daninhas, regaram as flores e apararam os arbustos dos jardins. Yacoub e Ibrahim fizeram-nos trabalhar sem descanso.
Depois do trabalho, os três amigos, cansados e cheios de calor, passeavam pela mesquita fresca.
— Nunca vi um edifício tão belo — sussurrou Miguel. — É muito mais grandioso do que a nossa igreja.
— Ou que a minha sinagoga — acrescentou Samuel. — Maravilhoso, sem dúvida.
— A nossa mesquita é verdadeiramente a casa de Deus — alegrou-se Rashid.
À medida que foram crescendo, os três amigos deixaram de se ver com tanta frequência.
Rashid estudou Medicina e tornou-se um médico famoso.
Samuel viajou por toda a parte como mercador, negociando em especiarias e seda. Anotou todas as suas impressões de viagem num diário e escreveu poemas de rara beleza.
Miguel herdou a quinta do pai. Tornou-se um grande proprietário de terras e era conhecido pela sua bondade e pelas canções alegres que entoava.
O califa envelheceu e os seus inimigos começaram a atacar Córdova por todos os lados. Acabou por ser derrotado numa grande batalha pelo rei cristão Fernando.
Miguel, que era agora o homem mais importante de Córdova, foi saudar o novo rei.
— Don Miguel — exclamou o rei — levai-me à Grande Mesquita, da qual muito ouvi falar.
— Com prazer, Senhor — respondeu Miguel. — É fonte de orgulho e alegria para todos os habitantes de Córdova, tanto muçulmanos como judeus.
O rei contemplou a mesquita.
— É de facto magnífica — concordou.
Depois suspirou.
— Mas esta vai ser uma cidade cristã e vamos construir uma grande catedral neste lugar. A mesquita tem de ser derrubada.
Nessa mesma noite, Miguel convidou Samuel e Rashid para jantar.
— Meus caros amigos, tenho notícias péssimas. O rei planeia derrubar a nossa adorada mesquita.
— E os nossos jardins maravilhosos? — indagaram Samuel e Rashid.
— Também vão ser destruídos.
— O que podemos fazer? — perguntou Rashid, com a cabeça entre as mãos.
— Temos de falar os três com o rei e dizer-lhe quão preciosa é a mesquita para todos em Córdova.
No dia seguinte, os habitantes da cidade encheram a praça para ver o rei.
— Estou aqui — anunciou Miguel — em nome de todos os cristãos de Córdova, para pedir ao rei que poupe a nossa mesquita.
Todos aplaudiram.
— E eu estou aqui em nome de todos os judeus de Córdova — disse Samuel.
— É verdade! — aplaudiu a multidão.
— E eu, senhor, falo em nome de todos os cidadãos muçulmanos. Poupai a nossa mesquita!
Todos aplaudiram ainda com mais força.
O rei comentou:
— Vejo que as três comunidades pedem o mesmo e que não terei aliados se derrubar a mesquita.
Depois de pensar por um momento, o rei anunciou:
— Construirei uma igreja numa pequena parte da mesquita, mas o resto do edifício e dos jardins ficarão a pertencer a todos os habitantes de Córdova.
Depois de pensar por um momento, o rei anunciou:
— Construirei uma igreja numa pequena parte da mesquita, mas o resto do edifício e dos jardins ficarão a pertencer a todos os habitantes de Córdova.
Os aplausos da multidão encheram a praça.
E assim a Grande Mesquita foi poupada para que gerações futuras a admirassem e dela usufruíssem. Ainda hoje se mantém intacta, e tem milhões de visitantes por ano. Muitos se sentam nos seus jardins e desfrutam da sombra e do perfume das árvores. Alguns afirmam mesmo ter visto os fantasmas de três rapazes malandros a entrar e a sair das suas fontes.



Ann Jungman
The most magnificent mosque
London, Frances Lincoln, 2006
Tradução e adaptação

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Concurso escolar de vídeos sobre a gripe


Gripe, câmara, acção! é um concurso dirigido a estudantes do 3º ciclo do ensino básico e ensino secundário que consiste na produção de um vídeo informativo sobre sintomas e prevenção da gripe. Para mais informações, consulte http://www.gripenet.pt/videos/
Inscrições até 22 de Dezembro.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Clube Contadores de Histórias


A CEREJEIRA DA LUA

A Lua fita-nos quando a fitamos? Não. Nunca. Se a chamarmos, deste canto da Terra, a Dama Toda Branca embuça-se de mistério e faz de conta que é a Bela Adormecida. Presunçosa.
Como se toda a gente não soubesse que a Lua deixou de ser inacessível. Botas memoráveis pisaram-lhe a superfície desolada. Satélites zumbem à sua volta. Telescópios potentíssimos perscrutam-lhe todos os socalcos, rugas e verrugas.
A Lua é a nossa vizinha defronte. E, ao perto, nada bonita, por sinal.
Quem se atreve a dizer-lho? Não contem comigo.
Aliás, pouco importa. Ela que nos ignore. Que dirija a atenção para a distância azul da noite. Que recorde outros tempos, antigas glórias. Que sonhe. Deixem-na sonhar.
Entre muitas evocações mimosas, a Lua sonha com o imperador Meng Uóng, que dela se enamorou. Onde isso vai.

Numa das varandas do palácio imperial, ornamentada de gaiolas de ouro, Meng Uóng, tocado pela tristeza do crepúsculo, dá de comer às cotovias.
O sábio Tien-O-Tzê segue-o em silêncio como uma sombra protectora. Foi seu aio, depois seu mestre.
Introduziu-o no segredo dos cultos, interpretou, um por um, para ilustração do jovem imperador, todos os conselhos do livro dos veneráveis e pacientemente guiou-lhe a mão inábil de menino sobre o desenho das primeiras letras gravadas em tabuinhas de sândalo.
Brilha o esmalte das colunas à luz dos archotes. Criados de sandálias sussurrantes varrem com leques de penas de pavão o fumo do ar à roda do imperador. Um perfume adocicado de ervas preciosas evola-se dos turíbulos mansamente agitados pela brisa do princípio da noite.
Uma pena cinzenta de cotovia esvoaça e como que hesita entre a varanda e o escuro do jardim. Tocada por um raio do luar parece de prata.

Isto mesmo diz o imperador, pensativo, enquanto acompanha o devanear da pena que, depois, se perde por entre a ramagem dos sicómoros.
– Tudo à nossa volta aspira à perfeição – comenta o sábio Tien-o-Tzê.
O imperador suspira:
– Até uma pena de cotovia...
– Até uma pena de cotovia – repete o sábio.
– Não será um sinal, um aviso da Lua? – pergunta o imperador, subitamente ansioso.
O sábio permite-se sorrir.
– Se Vossa Majestade assim o quer, será – diz, cofiando a barbicha branca e encerada que lhe escorrega até à cintura.
Descem da varanda ao jardim alumiado por grandes lanternas de pétalas roxas. Suspensas, rente ao chão, as lanternas tudo convertem à cor dos sonhos mais imprevisíveis. A relva, as ramagens baixas dos arbustos e os pés do imperador e do mestre ficam aureolados de roxo e lilás. Parece que caminham sobre nuvens.
Porque o sábio não desaproveita uma oportunidade sem retirar um ensinamento que sirva de alimento espiritual ao jovem imperador, logo acrescenta mais esta fala:
– Um vosso antepassado, o erudito e judicioso imperador La-Long, escreveu na base de uma estatueta de jade, que representava um monge de pálpebras descidas, um luminoso pensamento: O inatingível está à tua mercê. Queres que os teus desejos aconteçam? Fecha os olhos.
Proferidas estas palavras graves, o sábio Tien-o-Tzê, apoiado a um tronco nodoso de cerejeira que lhe serve de bordão, suspende os passos. Fecha os olhos.
Encara-o, surpreendido o imperador.
– Estás a desejar alguma coisa? – pergunta.
O sábio abre os olhos:
– Os meus desejos são os vossos, Majestade. Procurava apenas adivinhá-los.
– E descobriste-os?
Tien-O-Tzê, em resposta, ergue o bordão e aponta-o à Lua, redonda e enorme, que subia ao céu, logo por trás dos últimos sicómoros do jardim.
– Tens razão, genial amigo – exclama, entusiasmado, o imperador. – Quero ir à Lua.
– Pois irá – proclama o sábio. – Segure, Vossa Majestade, o arrocho de cerejeira a que me arrimo para as pequenas e grandes caminhadas da vida... Cerre os olhos.
O imperador, habituado a confiar no mestre, corresponde ao mandado.
– Este bordão, que ambos seguramos, há-de levar-nos à Lua –brada, num acesso de inesperada força, o sábio ou mago Tien-O-Tzê. – Não abra os olhos, Majestade, que eu vou lançar o bordão ao céu.
O imperador Meng Uóng, de pálpebras apertadas, sente, num arrepio, que os pés, calçados com finas babuchas escarlates debruadas a pérolas, se soltam do solo e divagam no vazio como se os tivesse suspensos de um baloiço.
– Não abra os olhos, Majestade – torna a recomendar-lhe Tien-O-Tzê.
A voz dele ressoa em eco, repercutida por toda a abóbada celeste:
– Não abra… não abra… não abra os olhos, Majestade…
Vão longe? Vão perto? Por onde voga o bordão a que sábio e imperador se fincam como náufragos que rodopiassem no turbilhão de uma tempestade silenciosa? O imperador pergunta e não quer achar resposta.
Um vento ciclónico e cada vez mais frio encortiça-lhe o rosto crispado. É insuportável. Manter os olhos fechados, agora, não custa. Mais custaria abri-los.
O vento pacifica-se em aragem. O frio em amenidade.

Aos ouvidos do jovem imperador soam, primeiro indistintamente depois mais nítidos, os acordes de guitarras e vozes femininas, numa fresca melopeia de boas-vindas. De súbito, os pés encontram chão.
– Pode abrir os olhos, Majestade – comanda o sábio numa entoação de riso.
Ah! eis a Lua! A seu lado, Tien-O-Tzê recupera só para ele a vara de cerejeira e enterra-a no musgo esbranquiçado do solo lunar, fofo e macio, que dá a cada passo uma cadência de dança.
Talvez por isso as jovens que acorrem a receber os visitantes, vestidas com túnicas de cores celestes, têm um andar precioso de dançarinas rituais. Agitam leques, cantam e riem como sinos de porcelana.
– Para onde nos levam? – pergunta, aturdido, o imperador, que pela primeira vez sente o peso da sua túnica de brocado azul onde fulgem dois dragões de oiro.
Elas rodeiam-nos e empurram-nos brandamente enquanto tangem alaúdes.
Levados pelo redemoinho da festa, o imperador e o sábio distanciam-se do lugar onde tinham poisado. Sobem agora uma escadaria de marfim onde, no alto, luminosa, os espera...
– Seong-Ngó, a castelã da Lua – exclama Tien-O-Tzê, reconhecendo-a ao primeiro relance.

O sábio não errara. Seong-Ngó reina sobre as selenitas. Ela, que se refugiara na Lua enquanto o seu esposo, Hau-Ngai, se exilara no palácio do Sol, ora toma a configuração de uma rã de três pernas, ora se ostenta em toda a sua beleza de imortal.
Felizmente que, para receber as visitas, não apareceu sob a forma de batráquio, o que seria deselegante. Sentada num trono de coral, rodeada de fadas dançarinas, Seong-Ngó não profere uma única palavra, mas eles percebem pelo brilho dos seus olhos maliciosos tudo o que ela tem para lhes contar.
Com um gesto insinuante, rodopiando o leque, Seong-Ngó aponta para o cimo de uma colina próxima onde o coelho de jade, diante do almofariz, prepara incansavelmente o remédio contra todos os males. É o elixir da imortalidade. A guardiã da Lua parece dizer: “Querem provar? Apressem-se...”
Sábio e imperador descem, em corrida, a escadaria e precipitam-se para a colina. Esquecidos das regras de reverência, nem agradeceram a generosidade do convite.
Antes de alcançarem o coelho, na sua oficina de alquimista, têm de passar por um desfiladeiro obscuro. Cessaram os cânticos de saudação. Sábio e imperador vão sós e estremecem quando lhes chega às narinas um odor áspero de animal feroz, no seu refúgio.
Logo em seguida um rugido e, após este, outro e outro ainda, todos assustadores. Um tigre cinzento e branco assoma ao outro extremo do desfiladeiro. Revira os olhos rancorosos e vai saltar sobre os dois viajantes.
– Fujamos – grita, apavorado, o imperador Meng Uóng. – O teu bordão, onde o deixaste?
– Longe – responde-lhe o sábio, que já corre à frente do príncipe.
Tien-O-tzê, pela primeira e única vez na vida olvidou, naquele transe, as precedências da etiqueta e o comedimento a que a sua provecta idade obrigaria.
Os pés afundam-se no musgo como na neve, o que lhes prejudica o despacho da corrida. Sentem sobre as costas o hálito em fogo do tigre implacável...
– Feche os olhos, Majestade. O sonho mau vai passar.
À voz entrecortada do sábio responde o imperador, aflito:
– E aonde me agarro desta vez?
O sábio, sem parar de correr, grita num assomo de impaciência:
– Agarre-se à minha mão – enquanto lha estende. – Acabo de descobrir a raiz de um raio de luar que nos levará até à Terra.
– Aguentará o nosso peso? – teme o imperador.
O sábio repete, soluçando de cansaço, a máxima de La-Long:
– Queres… que os teus desejos… aconteçam? Fecha… os olhos. Acredite… acredite, Majestade!
Mas o imperador duvida:
– E o tigre? O tigre não virá atrás de nós?
– O tigre não conhece a máxima e não fecha os olhos – exaspera-se Tien-O-Tzê. – O tigre tem medo de cair. Nós não!
De olhos fechados, escorregam pelo raio de luar que se arqueia e alarga até parecer uma estrada de descida suave.
Assim, sem sobressalto, chegam ao jardim imperial. A Lua escondeu-se. Os archotes da varanda ardem, inúteis, à luz da madrugada.

Desde essa noite inesquecível que o imperador Meng Uóng tange o alaúde evocando as melodias que ouviu das selenitas. E entusiasmado pelos bailados e cânticos das fadas lunares criou uma escola, num pavilhão, no meio de um pomar de pereiras. Aí, os jovens do palácio foram industriados na arte de dançar e cantar como os habitantes da Lua.
Assim é justificada a origem do teatro chinês e o nome de lei-un-tchi-tâl, “discípulos do pomar das pêras”, como são designados os seus actores.
Quanto ao bordão de cerejeira que o sábio Tien-O-Tzê plantara na superfície musgosa da Lua, conta a lenda que ganhou ramos, folhas, flores...
Quem quiser ver a cerejeira, que olhe para a lua na noite que precede o décimo quinto dia do oitavo mês lunar, segundo o calendário chinês.
Se não conseguir ver, feche os olhos. No espelho da imaginação tudo acontece como queremos…




António Torrado
A cerejeira da Lua
Instituto Cultural de Macau, Editorial Pública, Lda, 1990

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